sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Relato sobre o PARTO


                                  Um PARTO Humanizado

Vivenciei uma gestação maravilhosa, muito saudável e feliz! Costumava dizer que estava melhor grávida, pois com isso, parei de fumar e beber e passei a tomar conta de mim com muito mais carinho e amor, pois dentro de mim cultivava um ser. Adquiri hábitos saudáveis e pratiquei exercícios, pilates e hidroginástica, além de caminhadas na praia. Ingeri alimentos super saudáveis, mas não deixei de comer minhas besteirinhas, como doces, que amo! Comer é para mim um prazer muito grande e por isso não quis me privar dessa felicidade. Estar feliz é fundamental para aproveitar a gravidez. E eu aproveitei muito, nossa! Fiz tudo que podia. Dormi bem, comi bem, fiz drenagem linfática, grupo de gestante, escultura de gesso da barriga, diário para Cora, vídeos, fotos, performance... Sentia-me plena. É uma sensação indescritível que só cabe a nós mulheres.

Fora a parte encantadora, procurei ler e me informar bastante, fizemos isso, eu e o Tito. Com isso, busquei um médico que atendesse minhas expectativas em relação ao parto natural e encontrei. O pré-natal foi super tranqüilo, não senti nada, enjoo, azia, dor... Não precisei tomar vitaminas e nem tomei nenhum remédio. Adorava ir ao médico, era uma felicidade! Fazer ultra, então, nossa, um deleite para nossos olhos! Desejava o parto na banheira, porque sempre tive uma relação muito boa com a água e pensava que caso minha filha não nascesse na banheira, pelo menos faria parte do trabalho de parto entrar em contato com a água. Planejei fazer no Hospital Icaraí, porque aceita meu plano de saúde e tem uma sala linda de parto humanizado, com teto azul cor do céu cheio de nuvens e uma grande banheira ao lado. Meu médico dizia que eu poderia fazer o parto como quisesse, de cócoras, deitada, na banheira... Enfim, sempre me deixou bem à vontade. A única coisa que não passava pela minha cabeça era fazer uma cesárea. Quando as pessoas diziam ter medo do parto natural, eu tinha medo era da cesárea. As dores do trabalho de parto não me assustavam, pelo contrário, desejava muito sentir tudo, o anúncio da chegada, todas as movimentações fisiológicas, as reações do meu corpo, a passagem do bebê pelo canal e enfim sua chegada ao mundo. Conversava com Cora sobre tudo isso, explicava para ela o que iria acontecer, dizia para ela não ter medo, ser corajosa e segura, que estaríamos juntas, seria um trabalho nosso, uma apoiando a outra... Mas em momento nenhum joguei a responsabilidade para ela de ‘entrar em trabalho de parto’, porque ainda não se sabe de onde parte o estímulo inicial para o trabalho, se é do bebê, da mãe, dos dois e também não se sabe ao certo o porque não se inicia esse trabalho.
Depois de 9 meses pesquisando, lendo, conversando, eu e o Tito nos sentíamos super preparados para o trabalho de parto e o parto e agora, só restava esperar. A data prevista de parto era dia 27 e a lua cheia chegaria no dia 28, achamos que Cora chegaria junto, mas nada! O tempo foi passando e nem sinal de trabalho de parto. De acordo com a data da última da menstruação, eu faria 42 semanas no dia 10 de janeiro, porém considerando a data apontada na minha primeira ultra eu fazia 42 semanas no dia 06 de janeiro e para os médicos essa data da primeira ultra é muito importante e eles levam em consideração. Meu médico já esperou até 43 semanas em alguns casos, mas é preciso monitorar e estar tudo certo com o bebê e a mãe. No dia 06 de janeiro, por volta de 21 horas fui fazer o acompanhamento no Hospital, realizar os exames necessários. Fiquei 30 minutos sendo monitorada no exame CTG, e o coração dela estava ótimo, mas a ultra apontou que meu Índice de Liquido Amniótico era 1,7 e isso é muito baixo. A médica do Hospital queria me internar, mas ela queria isso desde a hora que pisei no Hospital, independente do resultado dos exames, ela achava que eu já deveria ficar por estar com 42 semanas e após o toque perceber que ainda estava longe de Cora descer. Fora isso, eu não confiei plenamente no resultado da ultra, pois a outra médica que fez a ultra não era especialista nisso e sim estava ‘quebrando um galho’. Falei com meu médico que não ficaria lá, que queria eu mesma ir em casa pegar minhas coisas e ele concordou e disse que nem pensou na possibilidade de eu ficar, sabia que eu não tinha levado nada e saído desprevenida, que ele assumia o risco, pois Cora estava mexendo bem com vigor e seu coração estava ótimo, além disso, precisávamos pensar em mim, no meu estado emocional, no tempo para eu assimilar o que estava acontecendo, caso contrário como seria meu pós-parto?  E o que estava acontecendo era: Eu achava que poderia esperar até pelo menos dia 10 e tinha todas as esperanças que entraria em trabalho de parto até lá, ou poderia fazer uma indução para o parto normal. No dia 06, eu fui tranqüilamente fazer um exame e detecto que terei de fazer uma cesárea e que não tenho mais chances de esperar. Conversei com meu médico e pedi para fazer outra ultra, ele concordou e marcamos para o dia seguinte, 6 horas da manhã no Hospital Santa Martha, ele marcou com a médica de lá especialista no exame e pediu que eu já levasse nossas bolsas, minha e de Cora para depois possivelmente ir direto para a internação. A minha intuição estava certa de que o laudo estava errado, essa médica encontrou um Índice de Liquido Amniótico de 4,3. Porém não era suficiente para manter a bebê num estado confortável estando com a idade gestacional avançada e nem sinal de trabalho de parto. Eu apresentava um quadro de Oligoidrâmnio, mas como o índice não era tão baixo, o médico disse que a única coisa que podíamos fazer era esperar até o dia seguinte (dia 8) pela manhã e eu disse que queria esperar, afinal a esperança é a última que morre. Combinamos então, que ele me ligaria para marcar o horário certo da internação.
Voltamos para casa e como não tínhamos conseguido dormir nada, Tito foi tirar um cochilo e eu fui rezar, pedi para Deus, para o meu Anjo da guarda, para todos os Deuses, para a Mãe-natureza, para Cora... Pedi com força que me enviassem algum sinal, qualquer sinal para eu saber se estava agindo corretamente, um sinal para me guiar, me proteger, me iluminar. Precisava saber se poderia esperar o tão aguardado trabalho de parto. Quando eu finalizo minhas orações, Amém, imediatamente meu telefone toca: meu médico. Dizendo que já tinha marcado e combinado com a equipe para o dia seguinte, mas que estava angustiado e preocupado com a minha situação, que isso não saia da cabeça dele e que recentemente, há 3 meses, havia vivenciado um caso muito parecido com o meu, que não acabou bem. Pediu desculpas e disse para eu pensar, que por ele, não esperaríamos até o dia seguinte e faríamos naquele mesmo dia, que eu tive uma gravidez muito saudável e ele gostaria de me entregar Cora assim, super saudável, sem riscos de ser diferente ou dela ter que passar por qualquer procedimento. Desliguei o telefone e entendi que aquele era o sinal que tanto pedi. Conversei com Tito, coloquei minha vaidade de lado e liguei para o médico confirmando. Estava mexida por dentro, mas lembrei que quando escolhi esse médico, sabia que se ele falasse “vamos ter que fazer uma cesárea” era porque realmente teria que ser assim. E afinal de contas, havia chegado o grande dia, da maior alegria de enfim conhecer minha cria! Eram muitas emoções misturadas, mas esse dia que passou foi fundamental para eu assimilar, entender, digerir e aceitar. Assim, fomos para a maternidade, eu estava muito emocionada, mas amadurecida.

O momento mais esperado ao longo de 42 semanas e 1 dia estava prestes a acontecer. Entrei na sala de parto e a música que tocava era ‘Mantra’ de Nando Reis, meu médico preparou uma trilha sonora para tocar durante todo o parto da Cora. 


Depois, entraram Tito e Layana, minha amiga fotógrafa e militante do parto natural, a presença dela foi muito importante para mim, pois seus olhos são sempre de amor e calma, além dela entender muito bem sobre esse processo de gestação e parto. O anestesista era muito delicado e me deixou bem tranqüila, quando ele dizia o que eu ia sentir, eu já estava sentindo... e senti o maior barato. (Risos) Esse momento foi bom para descontrair e eu dizia: “Nossa! Que baratão!” E ria muito. Os eletrodos de monitoramento foram colocados nas minhas costas para que eu pudesse receber minha filha no peito livre de eletrodos, o anestesista me explicou que quando minha filha nascesse eu teria a reação de colocar os braços para frente e não poderia, pois era a área da cirurgia, mas foi o que eu fiz, quando anunciaram que ela estava nascendo e baixaram o pano para eu vê-la chegando e prontamente o anestesista com cuidado segurou meu braço. 

Ela saiu da barriga, passaram um pano nela para uma limpeza rápida e imediatamente ela veio para o meu peito. E ai, foi muita emoção, muita emoção!!! 



















Chorava e conversava com ela, que já buscava o meu mamilo com desejo de mamar, sua mãozinha estava bem próxima do meu rosto e o seu chorinho era como uma linda canção para os meus ouvidos. 







Resolvi falar para ela o poema que falei durante toda a gravidez: Poeminha Amoroso de Cora Coralina. E imediatamente, ela parou de chorar, foi lindo demais, olhar para ela, emocionada, chorando e falando versos de amor profundo, além disso, a música que tocava era “Como é grande o meu amor por você”. Foi uma emoção conjunta, todos os envolvidos estavam emocionados.


 Depois desse poema, continuei conversando com ela e resolvi falar outro poema: Chamado de Cora, feito por Bruno Lima especialmente para Cora e mais uma vez ela ficou atenta escutando. 


Foi tudo muito especial, começando pelo cuidado e o carinho com o parto, podemos dizer que foi uma cesárea humanizada, não era aquele clima frio de cirurgias, era aconchegante, tudo escuro, luz somente na barriga, música de fundo, pano abaixado para eu ver ela nascendo, a bebê no meu peito durante um bom tempo e o envolvimento de toda a equipe. Esse momento que ela ficou no meu peito, envolvida no meu braço, com as mãos no meu rosto... esse momento foi algo que não sei explicar, como disse o pediatra, esse é o momento em que inaugura-se uma família! Olhar para aquele ser, resultado de meses de gestação, de cultivo, aquele ser que foi gerado dentro de mim, que eu senti evoluindo a cada dia e que foi muito desejado e esperado, aquele pedacinho de mim que já amava tanto e sentia transbordar amor, exalar amor, chorar amor... era só amor, amor, amor, amor...

Depois de trocar com a mamãe, foi a vez do papai assumir, ele cortou o cordão umbilical, 

acompanhou os primeiros exames básicos feitos pelo pediatra e foi ele quem a levou para o berçário, lá ela foi pesada e medida: 4,010kg e 52 cm. De acordo com o pediatra, para Cora foi como se tivesse nascido de parto normal, pois não precisou de nenhum procedimento comum a cesárea, como aspiração no nariz e incubadora para ambientar temperatura. No berçário, foi Layana quem colocou a roupinha nela e ficou atenta para não fazerem nada que não fosse necessário, como esses procedimentos que citei acima. 

O papai exibiu Cora para a família e os amigos, que aguardavam ansiosos do outro lado do vidro, parecia um aquário de Corujas e o papai todo bobo com Cora no colo.


Enquanto isso, a mamãe estava sendo ‘organizada’. O médico disse que ao abrir minha barriga constatou que eu estava com pouquíssimo líquido mesmo. Foi tudo bem rápido e cheguei a conclusão que não havia sentido nada mesmo, do início ao fim da gravidez, nenhuma dor ou mal estar, nem as tão esperadas contrações, senti apenas muitas emoções. Assim que voltei pro quarto, Cora chegou toda arrumadinha, a coisa mais linda do mundo. A enfermeira logo a colocou para mamar. Eu não podia levantar, estava deitada e ela posicionou minha filha e nos ajudou nessa primeira mamada, foi ai, que entendi como era a ‘pega’ certa e quando ela realmente estava sugando. Durante o parto, ela buscou o mamilo, mas não fez a ‘pega’, não tinha posição e nem auxílio e eu não podia fazer muitos movimentos. Mas logo depois, nesse nosso primeiro momento, foi lindo sentir ela sugando e perceber o poder da natureza de oferecer o alimento mais poderoso que sai do corpo da mãe. É mágico! E ela sugava com força, com vontade. A partir daí, criamos nosso laço da amamentação e tem sido maravilhoso. É um momento especial entre nós duas e mamar é tudo pra ela! Poder oferecer o alimento é como um presente que recebo a cada mamada. Aliás, ser mãe é um presente divino, uma dádiva! Só tenho a AGRADECER! Muito Obrigada, Deus, Anjo da Guarda, Tito(meu amor), mamãe, papai, todos os familiares, amigos, Layana, médicos, enfermeiras... Muito Obrigada, Cora por nos escolher para ser seus pais e compartilhar nossa existência com você. Sou muito feliz por você ter me escolhido para ser sua MÃE!!! Gratidão!