quinta-feira, 30 de abril de 2009

Bonequinha de Pano




Figurino: Gabriela Vidigal

persona

Minha confusa cabeça
bombeia sentimentos e palavras
no solo fértil do Rio de Janeiro
onde a OPERAÇÃO LEI SECA não perdoa ninguém.
Meu desejo de tomar coca-cola
aumenta a cada instante.
Compulsões de vontades.
E simultanemante: a repulsa.
Fadiga de repetições.
AS mesmas cenas.
Enjôo dessa personagem.
Novas caretas brotam no meu rosto,
na minha cara de cavala,
égua saltitante
que deseja ir para frente
e conhecer novas máscaras.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

(sem título)

Certos momentos pálidos
Pitadas de tédio
Inação do cérebro
Cinzas de cigarro
Janelas de concreto
Cruz no cemitério
e Cristo na cruz.

barulhos

Pessoas enlouquecem
Carros passam
Tiros fazem barulhos no ar
O Cristo observa tudo de vários ângulos
Quando você se toca,
lá está ele, de lado,
na frente,
ou atrás.
Ah! uma buzina chata acaba de soar insistente, chata!
São 1:53
Meu celular também foi um barulho chato hoje.
Ricardo Maia ligou 23 vezes. Atendi 8.
Já fui chamada de Madre Tereza de Calcutá...
Sofro de piedade excessiva
Mas também sei conduzir um chicote muito bem.

Lembranças

Lembrei-me de você agora.
Sabe por que?
Porque coloquei tudo que preciso ao meu redor.
Os cigarrinhos,
a bebidinha,
a comidinha,
o celular, para não precisar levantar quando ele tocar.
O cinzeiro,
água,
almofadas,
controle remoto...
E a cumplicidade da nossa amizade.
Silêncios sinceros
E longas conversas cerebrais, psicológicas.
Você, minha pequena e grande amiga.
Meu chaveirinho de bolso,
fácil de carregar para qualquer lugar.
Ser adaptável, carinhoso.
Abre muitas fechaduras.
Mas sabe onde guarda bem trancado muitos tesouros.
Sinto saudade.
Saudade do seu cheiro e do seu abraço.
Só. Nada mais.
Meu amor é livre
e sem cobranças.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

TITO




Tito
é o sol!
Brilha
mesmo com nuvens.
Seu sangue é verde
seus olhos também.
É o protetor da natureza.
É leão quando fica bravo
e golfinho quando desliza sobre as ondas.
É mutante
e transita livremente pelos ambientes
noite ou dia.
Gosta da farra da lua cheia.
Mas como está na busca da iluminação
prefere ser o sol e brilhar...

vontade que dá e não passa

Perdi muito tempo
esperando a caneta e o papel.
Agora que tenho a faca e o queijo na mão,
não sei como cortar pedaços certeiros.
Tudo que pensei escrever durante o caminho...
passou! Como tudo passa...
Tudo sempre passará.
(A vida vem em ondas)
O mar de ressaca sacode a cabeça de qualquer um.
Você é minha ressaca no estado bruto.
Porque no dia seguinte
Agradeço por não ter seguido adiante.
Mas no momento exato da bebedeira, chamei por ti.
Quer saber a verdade?
Eu sempre te chamo.
Meu corpo pede você.
Um dia irei permitir o convite.
Deixarei fluir as asas da imaginação...
E sonho estar com você.
Minhas entranhas querem
conhecer o seu recheio.
E nesse momento, assumo, quero você.
ESSE querer contraditório
que já gerou tantos conflitos...
ESSE desejo interrompido.
(Percebo agora o meu prazer pela palavra ESSE.)
ESSE negócio.
ESSE pulso de vida.
ESSE isso, que não sei explicar.
Apenas sinto, como sempre...
E continuo no caminho da verdade existencial.
Um dia... Um dia...
Ainda vou te encontrar...
Beijar!

sábado, 4 de abril de 2009

Livros

Livros passam de mão em mão.
São doações.
Montagens de Bibliotecas.
Livros estão no centro das atenções
e pregam para que eles virem praga, uma peste.
Colocam livros em comunidades, orfanatos, delegacias...
E hoje livros são entregues ao Fórum.
Livros para ocupar o tempo ocioso dos presos que aguardam julgamento.
Livros para alimentar a mente e a alma.
Livros para instruir.
Eu estou contaminada por essa peste livro
e quero ocupar todos os espaços vazios com eles.
Faço parte desse Movimento de espalhar
esse nosso vírus-sentimento.
E cuidado!
Você poderá ver livros em todos os cantos,
até na sala de espera de seus médicos.
E quem sabe até o cabelereiro vire um ninho infestado de livros.
Livros contaminando pessoas, sem distinções.
Todos iguais quando tornam-se portadores do vírus-livro.
Eu estou vendo... Isso está acontecendo.
Eu vi presos dentro de uma carceragem falando poesia.
Eu vi livros passando.
Eu estou vendo livros!
E agora paro de ver para ler.
Livros, principalmente, para serem lidos.


Para João Luís de Souza.
Movimento Corujão da Poesia.

noite-dia 3

Eu não tenho a intenção que você tem de criar polêmicas.
Eu crio o ambiente.
Eu sou a clara da neve.
Eu não sou a predileta, sou honesta.
Sou um vestido de bolinhas
e solto bolinhas de sabão.
Eu escrevo sobre eu e você.
Você é o Universo envolta de mim.
Você é o vigia da rua.
Ronda as ruas próximas.
Aproxima os anjos.
Labirintos.
Caça ao tesouro.
Pote de ouro no final do arco-íris.
Multicolorido.
Chove. Mas faz sol.
O céu é a imensidão da vida.
o céu engole Marte e Saturno.
Espaço infinito.
O homem não mede as proporções infinitas,
apenas sente e tenta decifrar.
Decifrar códigos pré-históricos.
Dinossauros deixaram pegadas em mim.
Dragões cederam o fogo.
Adão ofereceu o pecado da maça.
O proibido é gostoso, tem sabor de pecado.
O pH neutro está na base da verdade.
Nem no Céu, nem na Terra.
No peito, no coração, no centro.
Na raiz de onde pulsa o coração,
naquele ponto, lugar específico,
onde a vida corre como o rio, natural, na justa medida do tempo.
Justa natureza das coisas que proporciona a felicidade do aqui e agora.
Nesses momentos, eu vejo o céu e as possibilidades da mãe Natureza.
Eu vejo, sinto e sou feliz.
Estou inteira!

noite-dia 2

Essa falta;
move a necessidade do papel.
Esse amanhecer interrompido;
chama por algo além da noite.
Além do perecível.
Alimentos da terra.
A cenoura que tanto amo.
Leguminosas terrestres elevam.
O chão é o caminho do céu.
O chão do céu são as nuvens.
A neblina que enconbre a serra.
Serra dos órgãos.
Múltiplos órgãos sustentam a existência carnal.
Viver nada mais é do que respirar.
A possibilidade de inalar e absorver.
Religiosidades.
Fio terra.
Conexão do Céu e do Inferno.
Dois lados da mesma moeda.
Eu: Cara ou Coroa?
Cara: E dou! Dou minha cara a tapa!
Coroa: Máscaras, cobertores da cara que você carrega!
Cobertas... É bom cobrir o corpo para poder dormir.
Sentir o peso de uma coberta,
o aconchego de uma cabana.
E dormir! Dormir no ninho.
Proteção da camada de ozônio.
Reciclagem de pensamentos.
Reta final.
É agora ou nunca.

noite-dia1

Passagens de tempo.
Você sou eu.
Somos reflexos.
O tamanho da sua sombra
é o tamanho da sua luz!
Você esteve aqui.
Todos os lados vejo montanhas
e vejo você.
Naquele meu buraco
no interior da natureza
eu via montanhas por todos os lados...
E te digo, aqui, continuo vendo.
Vejo montanhas, estou cercada por elas.
Mas aqui, agora, tem concreto, tem cemitério e tem o Cristo mais perto.
Estou no suvaco do Cristo.
Suvaco de concreto cinza e cheiroso.
Na verdade, o sem cheiro ideal do povilho antisséptico Granado.
Poderia continuar...
Mas... Mas... Esgotou.
O dia amanhece... Eu... amanheço.
A noite continua em mim.
E o papael acaba, a música do Ipod parou.
Não estou na boate,
estou em casa.