Clarice Lispector pergunta:
- Hélio, é bom viver, não é? É, pelo menos, a impressão de que você me dá.
Hélio Pellegrino responde:
- Viver - essa difícil alegria. Viver é jogo, é risco. Quem joga pode ganhar ou perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Se sei perder, sei ganhar. Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias. Quem não sabe perder, acumula ferrugem nos olhos e se torna cego - cego de rancor. Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existencial, viver se torna mais do que bom - se torna fascinante. Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo que nos constitui. Somos feitos de tempo, e isso significa: somos passagem, movimento sem trégua, finitude. A quota de eternidade que nos cabe está encravada no tempo. É preciso garimpá-la, com incessante coragem, para que o gosto do seu ouro possa fulgir em nosso lábio. Se assim acontece, somos alegres e bons, e a nossa vida tem sentido.
2 comentários:
Saber viver é maravilhoso!
Perder e ganhar depende do critério que vc esteja sendo julgado. Quem perde não é necessariamente o pior, como tb o contrário não é o melhor...
No "não" já estamos, basta tentar , arriscar o "sim". Devo reconheçer que vc sabe ganhar; quem sabe ler, segue a vida lendo o mundo. Ainda mais quando alguém vem lendo uma Clarice Lispector... Beijos Betina,
Paulo Mileno
PS: Eu sei perder. Porém A-D-O-R-O ganhar!!!
Esse texto veio a calhar.
Parece que ontem, por um momento, esqueci disso tudo.
Ainda bem que tenho ao meu redor pessoas como você, que consciente ou inconscientemente me ajudam, nesses momentos, a lembrar o quão delicioso é viver.
Saudade de te ler e, principalmente, de te encontrar.
Bom final de semana, menina serpentina.
Beijo grandão! =)
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