sábado, 29 de março de 2008

Minha lógica

Preciso de algo para chamar de meu.
Não é egoísmo não.
Eu também quero o seu.
Quero todos.
Mas preciso de um chão na mente
O solo de sempre
Onde eu possa me consultar
E receber respostas precisas
Um cálculo matemático
E uma pseudo-teoria para praticar

Já dei muitas voltas
Para chegar no mesmo lugar.
Acho que agora quero ir reto
Direto ao ponto.

Já perdi muitos movimentos soltos pelo ar
Acho que agora vou concentrar meus sentidos,
Controlar minhas caretas
E ganhar o menos que é mais

Menos que é mais
Já confundi a lógica

Eu não funciono assim
Ó, mente insana
Tu permites que tudo entre
E faça de você moradia de qualquer penetra.
Em ti cabe de tudo
E o tudo é nada
Então, novamente a lógica acaba.

Chegarei ao 4? 2+2=4?

Acho que estou necessitada dessa técnica exata.
Exatamente aquela que vou gerar, criar, alimentar
E chamar de minha razão.
Depois jogar fora no mundo
Para contornar as curvas com movimentos da ação.
Mas no meu cérebro não.
Aqui agora só o papo reto faz a revolução.

olha



Olha pra mim e me ama.
Não: tu olhas pra ti e te amas.
É o que está certo.

Clarice Lispector

sexta-feira, 28 de março de 2008

Ilha Grande

Quero de volta o gosto e o sabor das descobertas
As palpitações do corpo ao admirar o mundo
O brilho da beleza e da tristeza nos olhos que indagam

Observar minhas cercas
Utilizar meu racional
E sentir o que isso provoca

Saída desse porto parado (confortável demais)
Desencravar a âncora desse mar estável
E desbravar todas as ondas numa canoa
Apagando as linhas que criam cercas artificiais

O mar é o espelho do céu.

Jacques Prevert

A vida é uma cereja
A morte um caroço
O amor uma cerejeira.

(trad. Silviano Santiago)

terça-feira, 25 de março de 2008

POEMÁTICA


POEMÁTICA - Uma nova (in)disciplina na UFF

Na próxima 5ª feira, dia 27/3, às 19h, vai rolar na Galeria de Artes do ICHF o recital Poemática - A indisciplina da poesia, em meio às tantas disciplinas acadêmicas do dia-a-dia da Universidade.

O evento, que será realizado mensalmente, tem como tema da primeira edição mulheres que fazem a poesia contemporânea, inspirado no dia 8 desse mês, Dia Internacional da Mulher. Regem essa sinfonia de palavras as poetas Adriana Monteiro de Barros, Bárbara Araújo, Betina Kopp, Clauky Saba, Denizis Trindade, Karla Sabah, Kyvia Rodrigues, Maria Rezende e o grupo Madame Kaos, formado por Beatriz Provasi, Juliana Hollanda e Marcela Giannini. Além dos versos de própria autoria, as convidadas recitarão obras de outras/os poetas, consagradas/os ou novas/os, dentro da temática feminina, em seus aspectos políticos, afetivos, existenciais e suas tantas possibilidades artísticas. Na parte final do recital, o palco fica aberto para quem quiser poetar.

A poesia feita por mulheres, difundida no Brasil por grandes nomes como Clarice Lispector e Cecília Meirelles, é de uma riqueza e diversidade por vezes desconhecida, principalmente no cenário artístico atual. Dessa forma, a primeira edição do Poemática procura, de um lado, colocar em foco as mulheres que fazem poesia e, de outro, a pluralidade de assuntos por elas discutidos.

A Galeria de Artes do ICHF fica no Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail galeriadeartes@vm.uff.br ou na página www.galeriadeartesdoichf.blogspot.com.

domingo, 16 de março de 2008

POESIA

Eu sinto muita vontade de falar Poesia
de ouvir Poesia
de dançar Poesia
de sentir Poesia
de estar Poesia

Poesia, você ilumina minha vida.

Brinde a Poesia

Um brinde à poesia
Dia 19/03/2008 às 19:00
Espaço Cultural Tribo Urbana
Rua Arthur Tibau, 31 Ingá - Niterói
Entrada 1kg de alimento
Segunda-feira
10 de março de 2008
Rua Paulo César
Um velho agachado
com o saco pendurado
fazendo cocô.
Passei
Ele sorriu natural.
Constrangida eu?
Nem um pouco.

sexta-feira, 7 de março de 2008

MULHER

Uma mulher é uma mulher ainda que.
Palavras e formas não comportam o conteúdo.
Uma mulher pode ser um jeito
Uma costela ou um defeito.
Uma mulher transborda pelos cantos
Enche as medidas
Contorna o desafino
Toca punheta e toca sino.
Uma mulher pode ser um grito
Uma barriga
Um precipício.
Uma mulher pode ser um abismo ou um porto
E pode ser os dois
E é.

Maria Rezende


MULHER MAIOR
às mulheres

sou uma mulher inteira,
fêmea em eterno cio,
sem medo de amar e errar.

sou bruxa, fada e guerreira
e enfrento até tempestades
no deserto e em alto-mar.

eu sou tudo e não sou nada
e sobrevivo às tormentas
sem escudo e sem espada.

sou amante das estradas
e namorada dos ventos,
por isso é que eu sigo em frente.

mais que tudo, eu sou mulher
para o que der e vier.
mais que mulher, eu sou gente.

Denizis Trindade

terça-feira, 4 de março de 2008

É o X da questão.

Exagero de pessoa
Tudo muito profundo
Bem pra lá do fim do mundo

Coração de jaguar exalta-se para além.

Muitos pulsos(ex-pulsos)
Bolas azuis arremessadas.

E sai um dedo, um braço, um baço
Expelindo-se
Vai... Assim... Expulso

HORIZONTE

A luz cai atrás de mil montanhas
Ondulações pretas, azuis, amarelas e pretas.
Mais uma vez
Sempre uma vez
Mais de mil

Montanha parada no movimento
Da natureza da cidade
Que aqui para.
E ali desencadeia mil pedaços
Aqui e ali.
Sempre uma vez.
Mais de mil.