domingo, 29 de agosto de 2010
"Escola de Molières"
Fotos de Rafael Silva.
'Escola de Molières' com direção de Amir Haddad no Espaço Tom Jobim até dia 19 de setembro.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Clarice Lispector
Trechos de Clarice Lispector no conto 'Perdoando Deus'
Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria — e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.
...
Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escadalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria — e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.
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Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escadalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Ofício
Eu escolhi um ofício onde preciso exercitar o desapego,
entender a transitoriedade das coisas e não me programar.
Viver sem rotina, sem horários, sem final de semana.
Cada passo dado é uma revisão do motivo que me fez escolher essa profissão.
Reafirmo minha opção.
Não existem mais certezas e verdades concretas,
nenhuma programação.
Sem previsão.
...
Vivo na corda bamba das emoções fáceis e difíceis,
navego entre o aplauso e a crítica,
enfrento testes e respostas.
Dou tudo de mim para nada.
Dou nada de mim para tudo.
Encaro a vaidade e exercito a solidariedade.
Trabalho solitária e compartilho coletivos.
Faço papéis, personagens e eu mesma sem papel.
Trabalho duramente e instantaneamente.
Devo estar preparada para tudo
e desarmada para o novo.
Falar rápido e devagar.
Fazer mais, menos ou nada.
Exercitar plenamente a liberdade.
Entender através do afeto.
Estar. E ser.
Artista.
(Foto de Rafael Silva do espetáculo "Escola de Molières")
entender a transitoriedade das coisas e não me programar.
Viver sem rotina, sem horários, sem final de semana.
Cada passo dado é uma revisão do motivo que me fez escolher essa profissão.
Reafirmo minha opção.
Não existem mais certezas e verdades concretas,
nenhuma programação.
Sem previsão.
...
Vivo na corda bamba das emoções fáceis e difíceis,
navego entre o aplauso e a crítica,
enfrento testes e respostas.
Dou tudo de mim para nada.
Dou nada de mim para tudo.
Encaro a vaidade e exercito a solidariedade.
Trabalho solitária e compartilho coletivos.
Faço papéis, personagens e eu mesma sem papel.
Trabalho duramente e instantaneamente.
Devo estar preparada para tudo
e desarmada para o novo.
Falar rápido e devagar.
Fazer mais, menos ou nada.
Exercitar plenamente a liberdade.
Entender através do afeto.
Estar. E ser.
Artista.
(Foto de Rafael Silva do espetáculo "Escola de Molières")
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Áudio Livro
Já está disponível para venda em dvd e para download o áudio livro "Morangos Mofados" de Caio Fernando Abreu narrado por mim.
Link do selo Plugme com informações:
http://plugme.vendapontocom.com.br/detalhes.asp?produto=104386
DESCRIÇÃO COMPLETA
“Os contos de Morangos mofados mostram a fé fundamental que iluminou o projeto libertário da contracultura. A fé que orientou o sonho cujo primeiro grande impulso vem dos ‘rebeldes sem causa’ de Elvis e Dean; que se define em seguida com a ‘grande recusa’ da sociedade tecnocrática pelo flower power ao som dos Beatles e dos Rolling Stones;
e que ganha, de forma inesperada, uma nova e mágica força no momento em que Lennon declara drasticamente: o sonho acabou. Os Morangos de Caio têm uma irresistível atualidade. Modificando caminhos percorridos, põem em cena uma possível pontuação para essa história, ou, como esclarece o conto ‘Os companheiros’: ‘Uma história nunca fica suspensa, ela se consuma no que se interrompe, ela é cheia de pontos finais’.
HELOISA BUARQUE DE HOLANDA
Sobre o Autor: Caio Fernando Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948 — Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi jornalista, dramaturgo e escritor. Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, da angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".
Sobre o Narrador: Betina Kopp iniciou sua carreira artística aos 3 anos, dançando ballet e participando de comerciais e peças infantis. Em 1996 estreou na TV na novela Idade da Loba. Foramada em Educação Física e Artes Cênicas, atua como produtora e atriz com performances poéticas no grupo Voluntários da Pátria, que relaiza o "Circuito de Poesia, Música e reflexões coletivas" por todo Brasil.
FLIP
Esse ano eu não estive presente fisicamente na FLIP.
Eu amo esse Festival!!! E posto um video de recordação do ano passado.
Eu amo esse Festival!!! E posto um video de recordação do ano passado.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
fluxo do amor
Meu amor,
tenho vontade de dizer que te amo o tempo todo.
se vc não está por perto quero escrever que te amo.
declarar a delícia que é viver esse amor.
sentir a felicidade plena do afeto que corre entre nós e transborda luz para todos os lados.
a força definitiva do amor.
o poder, a capacidade, a revolução.
estar no tempo do amor é a busca de nossos passos.
caminhos na construção sólida do relacionamento conquistado.
sentimentos compartilhados e compreendidos.
almas conectadas.
amor que jorra e não para.
ama, ama e ama.
ama amar vc e nós.
tenho vontade de dizer que te amo o tempo todo.
se vc não está por perto quero escrever que te amo.
declarar a delícia que é viver esse amor.
sentir a felicidade plena do afeto que corre entre nós e transborda luz para todos os lados.
a força definitiva do amor.
o poder, a capacidade, a revolução.
estar no tempo do amor é a busca de nossos passos.
caminhos na construção sólida do relacionamento conquistado.
sentimentos compartilhados e compreendidos.
almas conectadas.
amor que jorra e não para.
ama, ama e ama.
ama amar vc e nós.
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