Eu escolhi um ofício onde preciso exercitar o desapego,
entender a transitoriedade das coisas e não me programar.
Viver sem rotina, sem horários, sem final de semana.
Cada passo dado é uma revisão do motivo que me fez escolher essa profissão.
Reafirmo minha opção.
Não existem mais certezas e verdades concretas,
nenhuma programação.
Sem previsão.
...
Vivo na corda bamba das emoções fáceis e difíceis,
navego entre o aplauso e a crítica,
enfrento testes e respostas.
Dou tudo de mim para nada.
Dou nada de mim para tudo.
Encaro a vaidade e exercito a solidariedade.
Trabalho solitária e compartilho coletivos.
Faço papéis, personagens e eu mesma sem papel.
Trabalho duramente e instantaneamente.
Devo estar preparada para tudo
e desarmada para o novo.
Falar rápido e devagar.
Fazer mais, menos ou nada.
Exercitar plenamente a liberdade.
Entender através do afeto.
Estar. E ser.
Artista.
(Foto de Rafael Silva do espetáculo "Escola de Molières")
2 comentários:
bravo! ahasou, viada.
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