sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
reticências
Eu sinto que posso querer sair por ai por aqui escrevendo o que vier na minha tela ignorando toda e qualquer pontuação gramatical sem pontos sem virgulas sem paragrafos ou frases ou acentos ahh reticências amo tanto as reticências que como poderia escrever sem elas como vc me lê é diferente do que eu estou sentindo portanto a pontuação é sua e não minha mas eu concordo que pelo menos a virgula ajuda a diferenciar e facilitar caminhos a virgula é capaz de mudar o assunto transviar burlar a regra e o momento de respirar como fica fica nessa historia quem lê o que mofou morangos não mofam nas mãos de quem quer comer mas as palavras passam da validade no coração que deseja sentir apenas palavras em vão não servem para atenuar cada palavra ou virgula as atitudes estão nas ações cotidianas eu vou fazer meu dia ser ser algo não somente algo qualquer perecível mas algo algo que não explica ou nada apenas fuma traga sente e passa índio quer cachimbo índio quer fazer fumaça apenas eu poderia te dizer essas palavras para que elas fossem interpretadas da maneira que eu desejo chegar no seu coração caminho árduo todavia eu não facilito a sua ou nossa compreensão dos fatos pois se quer me dou ao luxo de colocar virgulas pontos ou até quem sabe acentos acentuar as camadas coloridas do arco-írias que inspira o meu desejo de agora aqui nesse quarto nessa cama de fazer o que eu quero desse momento algo que pouco me importa o que será as vezes não consigo não acentuar porque ai seria além do que meu cérebro pode alcançar incompreensível demais para as massas musculares que habitam nossos corpos foda-se se você é cerebral demais e não entende Clarice com letra maiúscula sim porque é nome de gente gente racional não compreende os vômitos do ser humano pulsante do coração da mente errante que prefere errar e assim aprender novos caminhos esse fluxo não para e eu preciso parar dormir descançar acalmar minha voz grave que rapidamente fica rouca conseguirei não fumar e parar já chega de punheta cerebral sentimental mas se assim sou assim serei e não conseguirei disfarçar nem fingir nem ser o arlequim da commedia dell´arte palhaço paspalhão bobo da corte desconhecido do grande público pede seus aplausos para sair de cena e desejar que se criem reais possibilidades para seres estrangeiros dos mundos habitados eu escrevo para mim e nada importa além da poesia que paira no meu coração importa sim transmitir algo a alguém mas não impor o que eu penso os pensamentos devem vir de suas cabeças porque não tem valor algum se vier de outras a sua cabeça de medusa será cortada se vc não expor para que veio ao mundo preciso parar se pontuasse faria mais sentido vou ler isso e gravar na memória dos sentidos do sentido do sentinela da prisão mundana domiciliar domesticando suas formas e prazeres e eu preciso parar mas o impeto é tao profundo que me impede e não respondo mais a mim eu ser individuo betina e não o ser artista que represento pelas ruas e bares e praias e motanhas e shows e espetáculos e tragédias e derrotas dedico esse vômito a Caio Fernando Abreu seus morangos mofados e a Clarice Lispector por sua coragem e garra de manter misterioso o que é o mistério e nunca será desvendado pelas esfinges cerebrais talvez até as corporais pré-históricas tenham mais o que dizer do profundo sentimento verdadeiro de viver estou em Curitiba no hotel e acabo de ouvir tiros sei que são tiros porque já estou acostumada com os seus barulhos moro no Rio de Janeiro cidade maravilhosa de mulatas praias carnaval e balas perdidas aprendi o som seco da bala tenho que aprender sou menina sou mulher e preciso parar agora já dar um fim a essa história que não conta nada nada nada nada e bóia no mar uma palavra puxa a outra mas agora preciso absorver o nada e dormir e depois trabalhar e usar minha voz minha arma que precisa descançar e estar inteira inteira busco ser sempre inteira sou sou sou inteira e acabou reticências
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
que noite heim?
Enviar um comentário